Sob o nevoeiro

Hoje as nuvens vieram me visitar.

Abri meus olhos, levantei,
fui até a janela e observei
que as nuvens pairavam ali fora.

A sonolência pairava em minha mente
como as nuvens que estavam ali, tão baixas!

Não podia ver a mais de dez passos de distância,
o que me dava a impressão de que minha casa estava no céu.

Algumas pessoas passavam caminhando
em frente minha janela
como que materializadas a partir do nada.
Cruzavam meu campo de visão
e desapareciam do outro lado.

Por entre as nuvens, também
se via um disco dourado
sem machucar a vista,
quando eu olhava para cima.

A visão daquelas nuvens,
daquela névoa,
daquela neblina,
embriagava a mente, que por sua vez
ainda estava embriagada pelo sono.

O silêncio daquele início de dia
também embriagava meus pensamentos.
De fato eu estava sonhando...
Só poderia estar!

Até que um som repetitivo, agressivo,
típico de armas de fogo
me mostrou que não era deveras sonho
mas sim realidade.

Era apenas a visita inesperada
das amigas nuvens, que por saberem
que gosto tanto dos dias
em que elas predominam no céu,
desceram a terra para me visitar.

E também a tentativa de cobrir de paz,
com seu manto branco
essa região que hoje se encontra
tão afetada pela guerra.
Tentar cobrir de paz,
com sua nebulosa graça
o coração de alguns que rejeitam
a sua condição humana.

O sol se ergueu mais no horizonte,
e enfraqueceu a neblina, até que esta se dissipasse.
E só restou ali, o que ali estava
acompanhado do retumbar mórbido do tiroteio...

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